Conhecido como Casarão do Coronel Felinto, a construção, em estilo Neoclássico, foi o centro da vida social, cultural, econômica e Política de Santana do Cariri enquanto residência do coronel Felinto e de sua esposa, Generosa Amélia, que se tornou segunda prefeita do País, em 1936, ao assumir a cidade no lugar do marido, recém-eleito e assassinado, numa época em que não havia vice-prefeito.
O casarão - hoje sede da Fundação Ailton Augusto Cruz, abriga também a Secretaria de Turismo do município de Santa do Cariri - foi alvo de muitos conflitos políticos entre os anos de 1925 e 1927.
Manoel Alexandre era rico e poderoso em Santana do Cariri: tinha seis fazendas, muito gado, lojas, engenho a motor e imóveis. Coronel Felinto da Cruz Neve tinha mais poder político, era prefeito da cidade.
Corria o ano de 1925. Um dia, o filho mais velho de Mané Alexandre, desentende-se com um grupo de rapazes da cidade. Leva uma surra. Apesar de ter sido uma simples briga de rua, os agressores são identificados como partidários do coronel Felinto. Mané Alexandre jura vingança, reúne alguns homens e vão até a cidade, mas são rechaçados. A refrega termina sem feridos. Mas a raiva aumenta.
Ele contrata 80 cangaceiros, entre eles, um irmão de lampião. O coronel resolve fazer o mesmo, contrata 40 homens do cangaço.
Arma-se uma guerra.
A tropa de Mané Alexandre invade a cidade. Entrincheirados nos altos da Igreja de Senhora de Santana, os homens do coronel abrem fogo. A batalha termina com 26 mortos. As coisas parecem ter-se amainado, até que Mané Alexandre dá pouso a um pistoleiro famoso. Este diz que eles estavam fazendo as coisas erradas e que tinham de pegar o coronel de surpresa.
Cerca de homens se preparam para invadir a casa do coronel Felinto, de madrugada. O filho mais novo de Manoel Alexandre diz que não vai. A mãe, uma mulher colérica, instiga o filho a ir ou, então, que ele tirasse as calças para trocar com o vestido dela, que ela iria no lugar dele. O filho vai para a cidade, participar da ação. O grupo usa uma escada para escalar o muro e começam a bater na porta para derrubá-la. Dentro da casa, apenas um homem fazia a segurança do coronel Felinto. O segurança atira e acerta a cabeça do filho de Mané Alexandre. Batendo o pé no assoalho, ajudado por um menino de 14 anos que lhe recarregava a arma, para dar a impressão que a casa estava cheia de defensores, ele consegue assustar os agressores.
Os homens fogem, levando o filho do coronel ferido, que morre no caminho. A guerra termina e começa uma longa decadência econômica de Mané Alexandre.
A história – que estará no livro de Zé Pereira com mais detalhes – ainda tem continuidade, quando o filho sobrevivente volta à cidade 26 anos depois para se tornar prefeito do município.